A Aurora sempre foi um desastre a fazer bolos, mas a decisão de me pôr a ajudar veio-se a provar tão acertada como a do capitão do Titanic seguir a todo o vapor pela rota mais a Norte.
Para começar, enquanto há pessoas que são adeptas da haute cusine ou da cozinha de fusão, eu sempre me fiquei pela cozinha de sobrevivência, e para mim açúcar mascavado, fermento e farinha 550 é tudo tinto.
Apesar da minha predisposição culinária ser o que é, a coisa até estava a correr bem até que o cozinheiro júnior nos ter brindado com a sua mais extravagante criação: um "pudim" verde gigante na fralda.
Embora isto cheire a desculpa do estilo da equipa médica do ADoP, é mais do que evidente que este incidente afectou a nossa concentração tendo a Aurora vertido no recheio a manteiga derretida que era para a base do bolo.
Atendendo a que eu também tinha direito a fazer cagada, olhei para o frasco das natas e li cc (centímetros cúbicos) aonde estava escrito cl (centilitros), o que numa conversão "à Lagardère" fez com que em vez dos 75g pedidos pela receita eu tivesse adicionado 500g (por só ter dois frascos de 25cl) e ter achado que era pouco.
É claro que o bolo demorou a cozer mais do que esperado e o aspecto final (à direita) ficou ligeiramente aquém (ou além) do desejado (à esquerda), mas tal como prometia a receita o resultado foi um cheesecake do outro mundo...
Para todos aqueles (que após terem lido isto) tiverem coragem de experimentar aqui fica a receita.
E lembrem-se que a 4ºC, 1 centímetro cúbico de água equivale a 1 grama... e a 0,1 centilitros
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